Ansiedade no trabalho: o que é e como lidar?

De acordo com a pesquisa Comunicação não-violenta nas organizações — conduzida pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), em empresas nacionais e multinacionais de todos os portes, 52% das pessoas que trabalham no Brasil sofrem ansiedade enquanto estão no trabalho. 

Ainda, de acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde, 18,6 milhões de brasileiros têm ansiedade. Isto é, esse número faz com que o Brasil ocupe o primeiro lugar no ranking mundial de países mais ansiosos. 

Nesse sentido, uma pesquisa da Capita revelou que:

  • 79% dos colaboradores relataram ter sofrido ansiedade e estresse no trabalho nos últimos 12 meses;
  • 22% disseram sentir estresse com alta frequência ou o tempo todo;
  • 47% acham que é normal sentir stress e ansiedade no trabalho. 

Em 2021, por exemplo, o INSS concedeu 108.263 benefícios por incapacidade temporária em razão de transtornos mentais e comportamentais. 

Esses dados são suficientes para mostrar que os sintomas de ansiedade não são situações raras no ambiente de trabalho. E mais: os impactos ultrapassam o limite da vida pessoal de cada pessoa colaboradora e atingem o clima e os resultados financeiros das empresas. 

Já deu para perceber que não dá para ficar por fora desse tema, não é mesmo? Pensando nisso, o objetivo deste artigo é refletir sobre o que é e quais os sintomas de ansiedade no trabalho, além de apontar quais as causas e as formas de prevenir essa situação na sua empresa. 

Ansiedade no trabalho: o que é?

Você sabia que a ansiedade é algo natural e comum nas pessoas? Isto é, trata-se de uma emoção que as pessoas experimentam ao longo da vida em situações de insegurança e instabilidade. 

A ansiedade no trabalho é um estado emocional caracterizado por sentimentos de preocupação, nervosismo, tensão e apreensão em relação às situações e demandas relacionadas ao ambiente profissional.

É uma reação natural do ser humano diante de desafios e pressões no trabalho, mas pode se tornar problemática quando é intensa, persistente e interfere significativamente na capacidade de desempenhar as atividades laborais de forma eficaz.

Alguns sintomas comuns de ansiedade no trabalho incluem:

Preocupação excessiva

Sentir-se excessivamente preocupado com o desempenho no trabalho, cometer erros ou enfrentar situações desafiadoras.

Inquietação

Isto é, sentir-se agitado, incapaz de relaxar ou concentrar-se nas tarefas.

Irritabilidade

Responder de forma mais explosiva ou sensível a estímulos externos, como críticas ou pressão dos colegas ou superiores.

Tensão muscular

Apertar os músculos ou sentir dores físicas devido à tensão constante.

Dificuldade de concentração

Ter problemas em focar nas tarefas e manter o pensamento organizado.

Insônia

Dificuldade para dormir ou ter um sono tranquilo devido às preocupações relacionadas ao trabalho.

Medo de falhar

Receio constante de cometer erros ou de não atender às expectativas no trabalho.

Sintomas físicos

Palpitações, sudorese excessiva, tontura e outros sintomas físicos relacionados ao estresse e à ansiedade.

Assim, a ansiedade no trabalho está relacionada especificamente ao contexto laboral e às suas demandas. Enquanto o transtorno de ansiedade é uma condição mais abrangente que pode afetar várias áreas da vida de uma pessoa.

A ansiedade no trabalho pode ser desencadeada por diversos fatores, como:

  • Altas expectativas profissionais;
  • Pressão para atingir metas;
  • Conflitos interpessoais;
  • Insegurança no cargo;
  • Ambiente de trabalho tóxico.

Gerenciar a ansiedade no trabalho é fundamental para o bem-estar dos colaboradores e para a produtividade da empresa.

Ansiedade: quais são os tipos?

Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)

O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é um tipo de ansiedade intensa e persistente. Na TAG a condição da ansiedade é permanente e interfere na qualidade de vida da pessoa de forma significativa. 

Dessa forma, os principais sintomas são:

  • Preocupação e medo excessivos;
  • Agitação;
  • Dificuldade de concentração;
  • Irritabilidade, insônia ou sono excessivo e cansaço.

Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)

O Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) também é um tipo de ansiedade, que compreende comportamentos compulsivos causados por pensamentos e obsessões. 

O TOC provoca obsessões que propiciam pensamentos, imagens ou impulsos desagradáveis e desconfortáveis para a pessoa. 

Assim, a pessoa sente que precisa se comportar de forma compulsiva (através de ações físicas ou mentais) para aliviar ou diminuir o desconforto. 

Por exemplo, a mania compulsiva de limpeza, como lavar as mãos excessivas vezes. Além disso, a pessoa que tem TOC também cria rituais para mitigar a obsessão e a compulsão. 

Fobia Social

A Fobia Social é outro tipo de ansiedade, que faz com que a pessoa se torne incapaz de interagir socialmente. Isto é, elas sentem grande nervosismo e medo irracional em situações que envolvem eventos públicos, atividades em grupos e confraternizações. 

síndrome do impostor: homem com as mãos no rosto

Síndrome do Pânico

A Síndrome do Pânico se caracteriza pelo surgimento repentino de uma ansiedade aguda, que causa um medo intenso e inexplicável — inclusive, com sintomas físicos. Normalmente, as crises duram pouco tempo. Dificilmente ultrapassam 30 minutos. 

No entanto, durante esse período, as pessoas vivenciam um sentimento muito intenso de desespero (normalmente, sem uma causa racional), que as tornam incapazes de fazer qualquer coisa.

Agorafobia

A Agorafobia é uma forma de ansiedade que se relaciona ao medo de frequentar ou passar por alguns lugares ou situações específicas. Ela pode se desenvolver, por exemplo, no medo de ficar sozinha, de viajar de avião e de frequentar lugares muito cheios. 

Ansiedade por estresse pós-traumático

A ansiedade por estresse pós-traumático é um tipo de ansiedade decorrente de algum evento traumático. Os sintomas de ansiedade podem durar meses ou anos e, normalmente, as crises se manifestam a partir de gatilhos que fazem as pessoas reverem o evento. 

Alguns exemplos de eventos traumáticos são:

  • Assaltos;
  • Sequestros;
  • Doenças;
  • Violência sexual;
  • Acidente de carro;
  • Guerras.

Ansiedade no trabalho: quais são os sintomas?

Na prática, as pessoas experienciam a ansiedade de formas diferentes. Sendo assim, a ansiedade no trabalho pode se apresentar a partir de diferentes sintomas. 

No entanto, para se caracterizar ansiedade no trabalho, os sintomas devem se relacionar com alguma situação que envolve as funções no trabalho. 

No geral, as pessoas que estão sofrendo com ansiedade têm alguma mudança no comportamento no trabalho. Por exemplo, no ambiente de trabalho, as pessoas podem observar que: 

  • Não conseguem lidar bem com prazos; 
  • Diminuem o ritmo de produtividade e têm desempenho inferior; 
  • Sentem-se incapazes de fazer tarefas que antes faziam com tranquilidade;
  • Começam a ter problemas com lideranças ou com colegas de equipe. 

De forma pessoal, os sintomas que as pessoas ansiosas sentem são:

  • Tremores pelo corpo;
  • Apreensão;
  • Preocupação excessiva;
  • Falta de motivação;
  • Desânimo;
  • Insatisfação com a vida;
  • Dificuldade para relaxar;
  • Desconfortos no estômago;
  • Medo irracional;
  • Compulsão alimentar. 

Ansiedade no trabalho: quais são as causas?

Na perspectiva de William Azevedo, doutor do Departamento de Neurociências e Saúde Mental da Universidade Federal da Bahia (UFBA), as condições de trabalho precárias das últimas décadas contribuíram para o aumento de transtornos ansiosos no mundo. 

Logo, as causas de ansiedade no trabalho são um reflexo da falta de bem-estar no ambiente de trabalho. Nesse contexto, as principais causas são:

  • Excesso de tarefas — principalmente quando as pessoas não conseguem cumprir tudo que foi designado; 
  • Falta de reconhecimento e desvalorização;
  • Preocupação excessiva — normalmente relacionada a cobranças excessivas; 
  • Excesso de responsabilidade; 
  • Prazos curtos e inexequíveis;
  • Metas intangíveis; 
  • Busca incessante por resultados;
  • Clima organizacional ruim ou tóxico;
  • Insegurança; 
  • Clientes muito exigentes; 
  • Situações de estresse;
  • Acúmulo de função;
  • Conflitos constantes com equipes de trabalho;
  • Má gestão das expectativas.

Como lidar com funcionários com ansiedade?

A ansiedade é um fator que prejudica, de forma considerável, a saúde e a segurança das pessoas colaboradoras. Por isso, é responsabilidade da empresa combater esse problema. 

Inclusive, a pesquisa da WHO constatou que, para cada US$1 investido em ações que promovem melhorias na saúde e bem-estar mental das pessoas colaboradoras, a empresa recebe US$4 em aumento de produtividade. Dessa forma, algumas estratégias podem contribuir para lidar e prevenir a ansiedade no trabalho, tais como: 

  • Promover uma comunicação transparente e assertiva; 
  • Implementar programas de saúde mental na organização, como setembro amarelo e benefícios em psicoterapias; 
  • Garantir condições adequadas de trabalho e bom clima organizacional;
  • Orientar as lideranças para conduzir suas equipes.

A seguir, confira algumas dicas para lidar com a ansiedade no trabalho:

Quem tem ansiedade pode pegar atestado?

Em primeiro lugar, é importante entender que a ansiedade é uma doença psicológica — classificado no CID-10. Então, sim, as pessoas que sofrem de ansiedade podem se afastar do trabalho. É o que estabelece o artigo 59 da Lei nº 8.213. 

A condição para isso, no entanto, é que a doença psicológica incapacite a pessoa de exercer suas funções laborais. Esse requisito deve estar atestado por um profissional médico, através de um atestado. 

Ansiedade e Síndrome de Burnout: qual é a diferença?

A ansiedade e a Síndrome de Burnout são condições diferentes, mas que podem ter causas e sintomas bastante semelhantes. De forma resumida, o Burnout é um estado de estresse crônico que leva à exaustão física e emocional, muitas vezes com sentimentos de falta de realização profissional.

A ansiedade, como você já sabe, é uma reação que pode ser normal, decorrente de situações estressantes e instáveis na vida. No entanto, em níveis excessivos (quando a ansiedade se torna crônica e, portanto, patológica), pode causar os mesmos sintomas que Burnout.

procrastinação no trabalho: homem com as mãos nos olhos

Como saber se o trabalho está causando crises de ansiedade?

Essa é uma questão complexa e, na verdade, não tem uma única resposta. Em geral, a pessoa que experiencia crises de ansiedade consegue racionalizar quais são as principais causas para os sintomas.

Se as causas foram relacionadas ao ambiente de trabalho e às funções laborais, existem indícios fortes de que o trabalho é a grande causa para as crises.

Como desenvolver a saúde mental dos colaboradores?

Desenvolver a saúde mental dos colaboradores é uma responsabilidade importante para os empregadores e líderes de equipe. Uma força de trabalho mentalmente saudável pode levar a uma maior produtividade, engajamento e bem-estar geral. Aqui estão algumas estratégias que você pode adotar para promover a saúde mental no ambiente de trabalho:

Sensibilização e educação:

Em primeiro lugar, invista em programas de conscientização e educação sobre saúde mental. Realize palestras, workshops e treinamentos para que os colaboradores entendam os problemas relacionados à saúde mental, os sinais de alerta e como buscar ajuda.

Ambiente de trabalho saudável

Em seguida, crie um ambiente de trabalho que promova o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, incentive o respeito, o apoio mútuo e a comunicação aberta. Garanta que os colaboradores tenham os recursos necessários para realizar suas tarefas de forma eficaz.

Flexibilidade e apoio

Ofereça flexibilidade no horário de trabalho, quando possível, para acomodar necessidades individuais e circunstâncias pessoais dos colaboradores. Além disso, disponibilize programas de apoio como aconselhamento, coaching ou acesso a recursos de saúde mental.

Políticas de saúde mental

Desenvolva e implemente políticas que enfatizem o compromisso com a saúde mental dos colaboradores. Assim, podem-se incluir licenças para questões de saúde mental, cobertura de tratamentos relacionados à saúde mental no plano de saúde da empresa, entre outros.

Redução do estigma

Promova uma cultura que combata o estigma em torno das questões de saúde mental. Incentive o diálogo aberto e a empatia, criando um ambiente seguro para que os colaboradores possam expressar suas preocupações sem medo de discriminação ou retaliação.

Estabelecer limites

Garanta que os colaboradores não sejam sobrecarregados com trabalho excessivo ou prazos irrealistas. Estabeleça expectativas claras e realistas e encoraje a delegação adequada de tarefas.

Incentive pausas e autocuidado

Encoraje os colaboradores a tirar pausas regulares durante o trabalho e a praticar atividades de autocuidado. Por exemplo:

  • Meditação;
  • Exercícios físicos;
  • Hobbies para reduzir o estresse.

Promova a socialização

Organize eventos e atividades sociais para que os colaboradores possam interagir de maneira descontraída, fortalecendo os laços interpessoais e construindo um senso de comunidade.

Reconhecimento e feedback

Reconheça e recompense o trabalho bem-feito e forneça feedback construtivo regularmente. Isso pode aumentar a motivação e a satisfação dos colaboradores.

Monitore o ambiente de trabalho

Realize pesquisas de clima organizacional e pesquisas sobre saúde mental para avaliar o bem-estar dos colaboradores e identificar áreas que precisam de melhorias.

Lembre-se de que a promoção da saúde mental não é apenas uma tarefa da liderança, mas também depende da participação e apoio de todos os membros da organização. Ao criar um ambiente de trabalho positivo, solidário e saudável, você estará contribuindo para o bem-estar geral dos colaboradores e, consequentemente, para o sucesso da empresa.

Quer combater a ansiedade no trabalho? A GoGood ajuda você!

Se você quer desenvolver uma cultura de bem-estar para promover o engajamento das pessoas colaboradoras, precisa conhecer a GoGood!

A GoGood é o benefício de bem-estar para empresas que dá acesso a milhares de estabelecimentos e centenas de modalidades diferentes. Ou seja, através da GoGood as empresas podem oferecer um benefício de academias que as pessoas colaboradoras usam de verdade. 

Além de melhorar a saúde física e mental das pessoas, a empresa fortalece sua marca empregadora e melhora a atração e a retenção de talentos. É bom para os colaboradores e melhor ainda para o RH! Existem motivos melhores que esses?

E na sua empresa, como está a saúde mental de seus colegas? Agora que você já conhece um pouco mais sobre esses benefícios, que tal indicar a GoGood para a sua empresa? 

Clique para avaliar o post
Média: 0
Rolar para cima