Programas de qualidade de vida no trabalho: custo ou investimento?

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Os programas de qualidade de vida no trabalho tem por objetivo aumentar a produtividade da empresa, além de tornar a rotina do colaborador mais agradável, aumentando seu bem-estar. Mas a oferta dessas atividades é, de fato, um investimento ou apenas um custo? Neste artigo, vamos apresentar argumentos para que você possa tirar suas conclusões.

O que são programas de qualidade de vida no trabalho?

A maioria das pessoas empregadas dedica de 6 a 8 horas – ou mais – do seu dia ao trabalho, sem contar deslocamento e atividades extras. Isso, muitas vezes, gera uma dificuldade de equilibrar vida pessoal e profissional. Por consequência, adotam rotinas corridas e desgastantes.

Praticar atividades físicas e cuidar da saúde deixa de ser prioridade.  Dessa forma, é favorecido o surgimento de problemas de saúde, como:

  • Lesão por Esforços Repetitivos;
  • Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho;
  • Doenças psicossociais;
  • Diabetes;
  • Obesidade, entre outros.

Os maus hábitos adquiridos ou desenvolvidos durante o trabalho podem ser prejudiciais para a própria empresa. Em consequência, a queda na produtividade e na frequência do colaborador são os primeiros sinais de que algo não vai bem. Por isso, é do interesse da organização que o profissional esteja bem de saúde.

Alguns gestores, porém, temem que a criação de programas de qualidade de vida no trabalho se tornem mais uma despesa. Afinal, investimentos nesse campo são necessários, mas não podem prejudicar a oferta de outros serviços.

A proposta dos programas de qualidade de vida no trabalho é justamente fazer com que a empresa ganhe – principalmente em produtividade – e diminua despesas com a oferta de planos de saúde corporativos. Além disso, reduz o prejuízo causado pelo absenteísmo, ou seja, faltas recorrentes no trabalho.

Relação entre qualidade de vida no trabalho e produtividade

Durante muito tempo, existiu a ideia de que a vida profissional e a pessoal não deveriam se misturar. Ou seja, o funcionário tinha de deixar seus problemas da porta para fora do escritório. Hoje, esse conceito mudou.

As empresas estão mais preocupadas com a valorização do equilíbrio entre o trabalho e o lazer, com a implantação de iniciativas, projetos e ações para lidar com essa questão. Com efeito, notaram que a vida de um profissional está conectada com diferentes áreas. Um funcionário que está com problemas em casa, na família ou foi diagnosticado com alguma doença, não conseguirá se dedicar completamente às atividades laborais.

Com isso, as empresas passaram a entender que o bem-estar da pessoa afeta diretamente sua produtividade, resultando em faltas e na diminuição das entregas. Sentir-se saudável e estar feliz no ambiente corporativo são aspectos fundamentais para manter o funcionário motivado.

Estudos medem a satisfação dos funcionários

Apesar das empresas demonstrarem interesse em proporcionar maior bem-estar ao colaborador, de acordo com uma pesquisa realizada pela Sodexo Benefícios, os profissionais ainda não sentem a aplicação efetiva dessas estratégias.

Esse estudo, chamado de Índice de Qualidade de Vida no Trabalho, é realizado anualmente pela Sodexo e foi desenvolvido para:

  • Compreender quais são os fatores que interferem na Qualidade de Vida no Trabalho no país;
  • Medir a Satisfação com a Qualidade de Vida no Trabalho dos brasileiros;
  • Construir um índice que permita o acompanhamento e comparação ao longo do tempo;
  • Desenvolver uma ferramenta útil para pessoas interessadas nesse assunto.

A avaliação mede a satisfação com a qualidade de vida no trabalho e dá notas de de 0 a 10. Em seu último levantamento, o índice geral foi de 6,5 pontos. O dado revela que ainda há muito o que fazer para proporcionar melhorias. Entender que a empresa tem a ganhar com os programas de qualidade de vida no trabalho pode ser o caminho para motivar novas iniciativas.

Qual o retorno que esse investimento pode trazer para a empresa?

Uma outra pesquisa realizada pela Sodexo, em 2016, mostrou que empresas que investem em qualidade de vida são, em média, 70% mais rentáveis do que os seus concorrentes. Além disso, 91% dos entrevistados percebem melhorar o clima no trabalho e 86% acreditam que isso se reflete em melhoria na produtividade. Isso não é tudo: os programas de qualidade de vida no trabalho causam impacto, principalmente, no dia a dia da empresa.

Vamos ver, a seguir, quais são as vantagens de oferecer programas de qualidade de vida no trabalho.

1. Sincronia entre valores da empresa e do colaborador

Organizações que investem na qualidade de vida dos colaboradores sincronizam seus valores com os dos próprios funcionários. Com isso, há forte impacto no clima organizacional e na motivação dos profissionais, que se sentirão mais empenhados em trabalhar com quem se preocupa com seu bem-estar. Uma comunicação interna efetiva também fortalece essa sincronia.

2. Redução de doenças ocupacionais

Diversas doenças ocupacionais são causadas pelo descuido com a atividade exercida pelo profissional. O programa de qualidade de vida no trabalho atua na identificação das rotinas repetitivas e na indicação de soluções para impedir que possíveis males sejam desenvolvidos.

3. Diminuição do absenteísmo

Quando o profissional não está motivado, ou não se sente valorizado, tende a faltar mais no trabalho. Qualquer situação será motivo para ir ao médico, pedir um atestado ou simplesmente faltar. Isso é causado por uma relação negativa que é construída entre empresa e colaborador.

O investimento em programas de qualidade de vida no trabalho muda a percepção que o funcionário tem sobre a empresa. Quebra-se o ciclo de negatividade dessa relação, tornando o profissional mais motivado e engajado com suas atividades.

4. Redução do turnover

Empresas que não cuidam da qualidade de vida do profissional tendem a ter índices mais elevados de turnover. Isso acontece porque o colaborador sempre vai procurar um ambiente que seja mais favorável para o seu desenvolvimento profissional e que estimule seu bem-estar de forma geral.

Com a facilidade de acesso a informações sobre oportunidades de trabalho e os benefícios que as organizações oferecem, os colaboradores insatisfeitos rapidamente encontram alternativas mais interessantes.

Por outro lado, quando a empresa investe em programas de qualidade de vida no trabalho – junto com possibilidades de crescimento e salário condizente com o mercado – dificilmente o colaborador vai procurar outros lugares para trabalhar.

5. Redução da sinistralidade

A sinistralidade é um índice que relaciona os custos com atendimentos médicos e os valores que são pagos pelos serviços. Quando o percentual extrapola o valor que foi estipulado pela operadora de plano de saúde, significa que os gastos estão superando a receita. O valor aumenta conforme a quantidade de sinistros, ou seja, ocorrências médicas – sejam exames, consultas, internações, ou outras. Com programas de qualidade de vida no trabalho, essas ocorrências são reduzidas, o que reflete na diminuição dos custos com saúde para as empresas.

Conheça empresas que apostaram na estratégia e seus resultados

General Electric

Há dez anos, a GE começou a implantar programas de bem-estar e outras estratégias que ajudaram a reduzir o número de consultas realizadas pelos colaboradores ao ano. Por consequência, as medidas fizeram com que a empresa reduzisse o custo com planos de saúde em 15% ao ano. Além disso, desde 2011, tem mantido os reajustes abaixo dos 10%.

Hospital Alemão Oswaldo Cruz

Em 2010, o hospital começou a implantar um programa de bem-estar e internalizar o tratamento mais custoso de seus 3 mil colaboradores. Dessa forma, a operadora de saúde ficaria responsável por consultas e procedimentos simples. O hospital criou um ambulatório com 18 profissionais de saúde e reservou um andar só para atividades físicas e lazer dos colaboradores, com academia completa, aulas de ioga, balé e até canto.

Conseguiu evitar 40% do custo com assistência médica, aumentou o número de funcionários que praticam atividade física para 39%, reduziu em 31% o total de profissionais afetados por estresse, em 35% o grupo com colesterol alto e em 36% a quantidade de hipertensos.

O resultados foram tão satisfatórios que a diretoria pretende construir uma unidade que vai estender o atendimento aos familiares dos colaboradores.

Conclusão

O investimento em programas de qualidade de vida no trabalho vem sendo adotado há alguns anos no mundo todo. Além de oferecer práticas internas, com a oferta de atividades físicas e áreas de descompressão, as empresas propõem a realização de trabalho remoto – o chamado home office – e até concedem um período de afastamento mais extenso do que as férias, como um ano sabático, para que o profissional possa se reciclar ou se capacitar. Além de tornar a rotina do colaborador mais saudável, a companhia também é beneficiada com as vantagens e resultados positivos que a estratégia proporciona.

Quer implementar um programa de qualidade de vida no trabalho, mas não sabe por onde começar? Confira os conteúdos do nosso blog e dê os primeiros passos.

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